Cannabis para dor neuropática — funciona mesmo? Estudos, benefícios e riscos. Descubra como a cannabis pode ajudar na dor neuropática crônica. Veja estudos científicos, como ela age no corpo, tipos de produtos, benefícios e riscos.
O que é dor neuropática crônica?
A dor neuropática acontece quando há lesão ou mau funcionamento nos nervos. É comum em condições como:
- Neuropatia diabética
- Neuralgia pós-herpética (após herpes-zóster/“cobreiro”)
- Dor de membro fantasma
- Lesão medular ou nervosa periférica
- Esclerose múltipla
Os sintomas típicos incluem queimação, formigamento, choques elétricos, dormência e hipersensibilidade ao toque. Essa dor costuma ser resistente a tratamentos comuns, como antidepressivos (duloxetina, amitriptilina) e anticonvulsivantes (pregabalina, gabapentina).
Cannabis realmente funciona para dor neuropática? O que dizem os estudos
A pesquisa científica já traz evidências importantes:
- Revisões Cochrane (2018, 2021): concluíram que produtos à base de cannabis podem reduzir a dor neuropática em alguns pacientes, mas a qualidade dos estudos é considerada moderada a baixa, com necessidade de mais pesquisas robustas.
- Nabiximols (spray THC:CBD): ensaios clínicos mostraram melhora da dor neuropática em pacientes com esclerose múltipla, além de redução da espasticidade.
- Cannabis vaporizada: estudos de curta duração em neuropatia diabética e em pacientes com HIV mostraram redução significativa da dor em poucas horas após a inalação.
- Ensaios recentes (2022–2023): revisões sistemáticas reforçam que cannabis pode ser eficaz em subgrupos refratários, especialmente quando outras opções falharam.
Resumo prático: a cannabis não funciona para todos, mas em pacientes selecionados pode trazer alívio real da dor e melhora do sono, principalmente em neuropatias resistentes a outros tratamentos.
Como a cannabis age no corpo para aliviar a dor neuropática?
A cannabis atua no sistema endocanabinoide (ECS), que regula dor, sono, humor e inflamação.
- THC (tetraidrocanabinol):
- Liga-se aos receptores CB₁ no sistema nervoso central, reduzindo a liberação de neurotransmissores excitatórios como glutamato e substância P.
- Isso diminui a transmissão dos sinais dolorosos.
- CBD (canabidiol):
- Não é psicoativo.
- Atua em múltiplos alvos, incluindo receptores TRPV1 (relacionados à sensação de queimação) e 5-HT1A (serotonina), ajudando no controle da dor, ansiedade e sono.
- CB₂ (em células imunes e glia):
- Modulação da neuroinflamação, processo chave na manutenção da dor neuropática crônica.
- Efeito combinado THC + CBD:
- Muitos produtos combinam os dois compostos para potencializar o efeito analgésico e reduzir efeitos adversos do THC isolado.
Quais produtos à base de cannabis já foram testados?
- Nabiximols (spray oromucosal THC+CBD): evidência mais sólida em esclerose múltipla e dor neuropática central.
- Cannabis vaporizada (inalada): efeito rápido, estudada em neuropatia diabética e HIV; porém pode ter mais efeitos adversos.
- Óleos e extratos orais (THC, CBD ou combinados): usados amplamente na prática clínica, mas com menos ensaios controlados.
- Canabinoides sintéticos (dronabinol, nabilona): testados em alguns estudos, com resultados positivos, mas uso limitado em muitos países.
Benefícios relatados pelos pacientes
- Redução da intensidade da dor (menos queimação, formigamento, choques).
- Melhora da qualidade do sono (adormecer mais rápido e menos despertares).
- Redução da ansiedade e estresse, que pioram a percepção da dor.
- Mais qualidade de vida, com melhora no bem-estar geral.
Riscos e efeitos colaterais
- Comuns: sonolência, boca seca, tontura, alterações de memória e concentração.
- Mais prováveis com THC: ansiedade, euforia, paranoia em altas doses.
- Risco de dependência: existe, mas é menor que em opioides. Ainda assim, requer monitoramento.
- Interações medicamentosas: cannabis pode alterar a ação de antidepressivos, anticonvulsivantes e opioides.
Perguntas frequentes
👉 A cannabis cura a dor neuropática?
Não. Ela pode reduzir os sintomas em alguns pacientes, mas não elimina a causa da dor.
👉 Quanto tempo demora para fazer efeito?
- Inalada: minutos a poucas horas.
- Oral (óleos, cápsulas): início mais lento (30–90 minutos), mas efeito mais prolongado.
👉 Todo paciente com dor neuropática pode usar cannabis?
Não. Ela deve ser considerada quando outras terapias falharam e sempre com acompanhamento médico. Contraindicada em gestantes, lactantes, adolescentes e pessoas com histórico de psicose.
Conclusão
A cannabis medicinal é uma alternativa terapêutica promissora para dor neuropática crônica, especialmente em pacientes que não respondem aos tratamentos convencionais. A ciência já mostra benefícios em alguns contextos — como neuropatia diabética, HIV e esclerose múltipla —, mas ainda são necessários estudos maiores e de longo prazo.
Na prática, cannabis deve ser vista como terapia adjuvante: pode melhorar dor, sono e qualidade de vida, mas exige avaliação individualizada, monitoramento regular e uso dentro da legislação vigente.
👉 Mensagem final para pacientes: Se você sofre de dor neuropática crônica e não encontra alívio com os tratamentos atuais, converse com seu médico sobre a possibilidade de incluir cannabis medicinal no seu plano terapêutico.

